Cão

Uma árvore caída sobre um rio. A água passando alheia a este drama. A impressão que longe daqui me morreu alguém. Muito longe daqui. Quem se importa? Um cão ladra ao longe só para aumentar este desalento.

Setembro

Quando o Verão era mais barato apanhávamos a camioneta para a Costa Nova. Passávamos a ponte de madeira a pé. Ao longe cones de sal. Se só os cones eram brancos, porque é que aquelas manhãs de Setembro da minha infância passaram para os meus sonhos?

Cansaço

À hora em que o sol preguiçoso de Outono se servia da erva alta para desenhar longas pestanas de sombra sobre o pó da estrada de Vale de Cide, eu olhava os jornaleiros, cansado só de ver os corpos estamagados pelo martírio do farpão nas leivas barrentas dos vinhedos do Solão. A minha doce lassidão […]

Relâmpagos

Quem faz a história é o leitor. Por isso nem tudo deve ser descrito, para que os silêncios entre as palavras deixem espaço à sua imaginação. Eu só apanhei estas palavras por aí e pouco mais fiz com elas. Um pouco mais de poesia e seriam música, um pouco menos e seriam preces. Não te […]