Do Tejo ao Rovuma

No cais de Alcântara uma onda teimosa batia no casco sujo do Niassa. Batia, batia, não sei bem se como um castigo ou se como uma carícia e eu a pensar que daria uma bela foto: a onda a aproximar-se de longe e depois a rebentar de encontro ao navio; de seguida parecia ir tomar balanço lá atrás e lá voltava ela novamente a bater, naquela teimosia sem fim. […]

Barco Niassa

Agora ao olhar o rio Rovuma a meus pés, lá vejo eu a mesma ondinha teimosa a bater num tronco caído, castigando ou acariciando – ainda não descobri […]

A história de ir ao outro lado do rio não tem nada que contar: uma entre milhares nesta guerra; o que tem que contar, é aquela ondinha obsessiva de que não consigo esquecer-me – tal qual o soluço na voz do meu avô “Quero voltar a ver-te”. Onde estava centrada a dúvida daquele soluço? Em mim, por me ser difícil superar o perigo em que ia meter-me ou nele, por lhe ser difícil superar a simples passagem do tempo?

Eu, fardado, de garrafa de espumante na mão, no largo da minha aldeia com os amigos de todas as noitadas, como se aquela noite fosse apenas mais uma; ele aparecendo do nada, pondo a mão no meu braço: “Quero voltar a ver-te” e eu contrariado com a mudança de humor que entretanto se gerou. […]

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Publicado por

Manuel Bastos

2 comentários a “Do Tejo ao Rovuma

  1. Emocionante até para quem não faz a minima ideia do que se viveu nesses tempos…
    Li pela primeira vez este texto no jornal “ELOS” (?), e emocionei-me…
    sou sua fã!:) cm axo q ja lhe disse.. devia compilar esses textos… tnh a certeza que na categoria dos livros que retratam a vida real seria sem sombra de duvidas um best-seller…

  2. Surpreende-me que leia o Elo, em todo o caso é gratificante para mim saber que gosta do que escrevo.

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