A minha rua

Regresso a casa

Fui feliz nesta rua.

Até certa altura o mundo para mim não passava daqui.

Subitamente cresci e o mundo cresceu também, e cresceu tanto que me perdi nele e esqueci por completo a minha rua – quando regressei já não existia.

Porque a minha rua não era só o chão e as casas em volta.

A minha rua era o som circundante de uma sinfonia: nas madeiras o Ti F’lipe tanueiro, nos metais o Ti Zé ferreiro e nas cordas o Sr. Manuel da Leonarda violinista.

A minha rua era o cheiro da chuva no pó, a peça de fazenda à porta da loja, a minha avó e a minha bisavó à varanda.

Nessa altura o mundo era do tamanho da minha rua e todas as pessoas que eu conhecia eram ainda vivas.

Agora, encontrei esta fotografia velha e fui feliz na minha rua outra vez.

Publicado por

Manuel Bastos

Um comentário a “A minha rua

  1. acontece-nos a todos…

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