É uma teoria, mas todos temos direito a tê-las: A Amália Rodrigues… Sim essa! cantou uma canção que foi feita a pensar em Aguim. A verdade é que o poema que serviu de letra à canção já tinha sido escrito há muito tempo, por alguém que chegou a ser considerado o maior expoente das letras portuguesas da altura, o poeta Castilho. O poeta nunca viu Aguim, dado que era cego, mas parece que a visitou algumas vezes, e uma das suas poucas obras de ficção é inteiramente passada em Aguim (ver post Mil e Um Mistérios). Além disso, na sua obra são utilizados regionalismos de que ninguém parece saber a origem, mas nós sabemos. Por exemplo: “encarchado” e “azurracado” (ver Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira).
Ora, no poema que a Amália canta (embora numa versão reduzida e com outro título) aparecem topónimos como Terreiro, Oiteiro e Arneiro que ainda hoje são conhecidos assim em Aguim.
Bem, para quem gostar do género ou simplesmente de originalidades, aqui vão as referências:
Nome do álbum (existe em CD): Maldição
Título da canção: Pedro Gaiteiro
Título do poema original de Castilho: Os Treze Anos
Zé Cipriano
12 de Março de 2005 às 2:30
Realmente era díficil imaginar. Já estou com curiosidade de ouvir essa canção.
Pergunto-me se a própria Amália saberia da relação do poema com a nossa aldeia.
Manuel Bastos
13 de Março de 2005 às 16:40
A canção da Amália só por si pouco apoiará esta teoria, porque usa uma versão muito simplificada do poema original. O poema, no entanto, tendo em conta o que se sabe de Castilho já nos diz algo mais, não só porque retrata uma história de ambiente aldeão, mas sobretudo porque refere (num só texto) três nomes de sítios em Aguim. Três é demais para ser coincidência. O topónimo Terreiro é muito comum, Oiteiro escrito assim já o é muito menos e Arneiro, embora designe um sítio não habitado, pelo menos actualmente, parece-me que é muito pouco comum, mas em Aguim entrou mesmo para a linguagem quotidiana com o significado de sede. Dizia-se frequentemente, e acho que ainda se diz: “Está com arneiro” para dizer que alguém está a sentir a falta de emborcar uns copitos. Talvez seja suficiente para pelo menos admitirmos que o poema de Castilho foi inspirado em Aguim e que a Amália, sem o saber, claro, cantou Aguim.
Posso enviar-lhe uma cópia em WMA ou mp3, o que preferir; para o e-mail, porque não sei colocá-la no blog.