Largo da Capela

Aguim - Capela

Está vazio o Largo da Capela. Porque tirei eu esta fotografia? Acho que pretendia um certo efeito que não resultou. Mas não há nada melhor para enchermos uma coisa do que ela estar vazia. Podem usar o Photoshop ou simplesmente a fantasia:

Baixemos a luz para ficar de noite; recuemos no tempo até chegarmos a 1966; ponhamos gente a correr furtivamente, de um lado para o outro, grupos de pessoas, a dar a ideia que são assaltantes. Isso! São mesmo assaltantes e chamam-se a si próprios de trupes, e não vão assaltar assim uma coisa à toa, vão assaltar todas as casas de Aguim que puderem, para roubarem, quase de certeza, as maiores coisas que lá existem: Os carros-de-bois.

Claro! É o costume carnavalesco, que consiste no roubo ritual de carros de tracção animal, especialmente carros-de-bois, praticado normalmente por várias trupes, na noite do sábado para domingo gordo e que tem como finalidade acumulá-los junto à entrada da capela, para dificultar o acesso à missa de domingo.

Os donos dos carros utilizam vários expedientes e armadilhas para impedir que os seus carros sejam levados, sendo comum utilizarem excrementos para os sujarem e tornarem escorregadios, prenderem-nos ao chão ou carregarem-nos com materiais muito pesados, o que não vale de nada, porque a regra aqui é: quanto pior, melhor.

Acendam a luz! Quem quiser saber mais que peça os arquivos do Aguim On-line ao Zé Cipriano.

Aquele foi provavelmente o último “acartamento” de carros a sério. Acabámos todos no posto da GNR de Anadia com um processo policial, movido por um automobilista que não conseguiu passar. Não teve consequências, graças ao próprio comandante do posto, que declarou para os autos que se tratava de um costume tradicional ancestral, que não tinha qualquer objectivo de perturbação da ordem pública.

Publicado por

Manuel Bastos